quinta-feira, 28 de abril de 2011

A FELICIDADE QUE EU TANTO PROCURO

Cansei de ser relegado ao segundo plano por pessoas que dizem que me amam. Cansei de ouvir as lamúrias e as lamentações da humanidade e ser sufocado pelos sentimentos negativos dos outros, enquanto eu me matava silenciosamente. Cansei de ser a segunda opção, de ser um ser secundário abandonado em alguma estrada vicinal da vida. Cansei de ser importante somente quando eu sou necessário. Cansei de abandonar meus sonhos para ajudar as pessoas a seguirem os seus sonhos. Cansei de optar por ser bom para outros, ao invés de ser bom comigo mesmo. Cansei de espalhar humildade em um mundo onde as pessoas se preocupam somente com seu umbigo. Cansei de ser um palhaço em um circo de piadas tristes.

Estou farto de ter necessidades não satisfeitas. Estou farto de não poder amar incondicionalmente em um mundo onde as pessoas não conseguem nem enxergar o que é o amor, confundindo ele com uma paixão momentânea, ou um tesão sexual ou a fascinação por uma pessoa que só diz aquilo que elas querem ouvir. Estou farto de pessoas que só vivem de ilusão e somente conseguem enxergar aquilo que lhes é importante; para estas pessoas nada mais importa se sua verdade não for a única real. Estou farto de me entregar, enquanto a humanidade se isola cada vez mais na sua maneira egoística de viver. Estou farto de ter que suportar pessoas e situações me me fazem sentir cada vez pior. Estou farto de conviver, quando, na realidade eu quero apenas viver.

De que me valeu o amor incondicional, o afeto, o cuidado, o carinho, se somente o que me restaram foram as ilusões e as pedras do meu caminho. De que me valeu cada minuto de atenção, se no final da estrada minha única companhia é a escuridão. De que me valeu cada segundo de preocupação com pessoas que simplesmente não se importam. De que me valeu o sono perdido enquanto a noite se esvaía em doses cavalares de delírios etílicos. De que me valeu tentar consertar coisas sem conserto; melhor teria sido jogá-las fora ou abandoná-las nas mesmas estradas onde fui deixado. De que me valeu cada lágrima, enquanto a humanidade ria de mim nas escuras esquinas de uma grande cidade cheia de pessoas vazias.

Talvez neste momento eu descubra que eu não preciso da realidade, senão eu vou sofrer em um mundo onde os sonhos e perspectivas são apenas aquelas estabelecidas pelo “EU” individual de cada um. Talvez tenha chegado a hora em que eu serei assimilado pelo sistema. Talvez deva eu, então começar a viver de ilusões, de fingir que eu acredito em amor incondicional, de enganar as pessoas num jogo onde todos perdem. Talvez este seja o tempo de sucumbir e simplesmente não me importar mais. Talvez eu deva abandonar a busca de uma felicidade real e viver a felicidade simulada da humanidade. Talvez, para meu próprio bem e enquanto é tempo, eu deva substituir as reticências da minha vida por um ponto final.

Quem sabe se eu me misturar na multidão eu não encontre, ironicamente, a felicidade que eu tanto procuro?


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